Nos últimos dias, uma notícia chamou a atenção dos investidores brasileiros: o banco digital Neon fez uma captação de mais de R$ 400 milhões para seu Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDC) voltado a cartões de crédito.
Essa é a segunda captação que a fintech realizou no mercado de crédito privado em 2022. A primeira foi destinada ao FIDC de crédito consignado privado, com pouco mais de R$ 200 milhões.
Com os recursos anunciados, o FIDC de cartões de crédito do Neon chegou a R$ 800 milhões em patrimônio, sendo que a expectativa é de que esse volume ultrapasse R$ 1,5 bilhão até o final deste ano.
Essa notícia pode ser impressionante para especialistas, mas confusa para investidores iniciantes. O que, de fato, é um FIDC? Esse é um investimento seguro?
A Audax Capital vai responder todas essas perguntas ao longo deste artigo!
O que é FIDC?
O Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) é uma modalidade de investimento de renda fixa, que reúne diversos investidores que aplicam, no mínimo, 50% do patrimônio em direitos creditórios.
Esse Fundo de Investimento, normalmente feito a longo prazo, é aplicado em títulos de crédito constituído de contas a serem recebidas de uma empresa, como por exemplo, desconto de duplicatas, aluguéis, notas promissórias, contratos e outros.
Também chamado de Fundo de Recebíveis, no FIDC o valor investido é baseado em uma taxa previamente acordada, dando completa consciência ao investidor da quantia total que receberá ao final da aplicação.
O Fundo de Investimento em Direitos Creditórios é criado por meio de um administrador ou instituição financeira, que constitui o fundo e faz a captação dos investimentos ao lado dos investidores.
Existem duas formas de constituir esse Fundo de Investimento:
- Fundo aberto: quem investe, desde que siga todas as regras estabelecidas no fundo que investiu, pode resgatar o valor investido a hora que quiser;
- Fundo fechado: só é possível fazer o resgate no prazo estipulado em contrato, feito no momento em que realizou o investimento.
Um FIDC é estruturado da seguinte forma:
- Cedente: empresa que é a titular dos Direitos Creditórios;
- Estruturadores: instituições responsáveis pelo processo do FIDC;
- Custodiantes: instituições financeiras responsáveis pela custódia do fundo que gerencia os valores a receber;
- Administradores: responsável direto pelo FIDC;
- Cotista: quem investe no fundo.
A rentabilidade de um FIDC é boa?
Normalmente, um FIDC costuma trazer uma boa rentabilidade para quem aplica nele. Na maioria dos casos, a rentabilidade supera 100% do CDI, nos FIDCs híbridos seus rendimentos podem chegar em uma média de 18% ao ano.
A rentabilidade desse tipo de fundo além de ser muito superior a poupança também costuma superar a do Tesouro Direto, CDB ou LCI e LCA.
Consequentemente, ele atrai não somente pessoas experientes, como também novatos no universo dos investimentos. Mas, principalmente para quem ainda não está habituado e procura uma excelente rentabilidade e segurança.
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Investir em FIDC é seguro?
Qualquer tipo de investimento possui riscos, porém os FIDCs só por estarem enquadrados na modalidade de renda fixa e por muitas vezes, serem multicedentes e multisacados, diluem o risco devido a pulverização do crédito.
Os FIDCs ainda são regulamentados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e auditados por agências de rating o que os tornam muito mais seguros.
Dito isso, existem dois tipos de FIDCs:
- Padronizados: devem ter na carteira apenas recebíveis de menor risco, classificados conforme a Instrução 356/01;
- Não padronizados: sob a Instrução 444/06, envolvem direitos creditórios dos mais diversos, por exemplo, créditos a receber numa ação judicial.
De acordo com as regras da Comissão de Valores Mobiliários, os FIDCs não padronizados só podem ser destinados a investidores profissionais, pois são de maior risco. Ou seja, só valem para quem investe acima de R$ 10 milhões.
Já os padronizados fica restrito apenas os títulos de créditos convencionais sem nenhuma particularidade, trazendo um menor risco e atraindo muito mais investidores. E é neste que a Audax Capital se enquandra.
Além disso, é preciso atenção nas peculiaridades de cada FIDC, como remunerações e riscos diferentes. Para isso, é preciso prestar atenção nas cotas, que são:
Existem dois tipos de cotas e ambas impactam diretamente na rentabilidade e também no risco do fundo. Conheça as cotas abaixo:
- Cota Sênior: com proporção maior, possuem preferência no resgate do investimento feito, amortização e juros, possuindo menor risco. As taxas são prefixadas e se enquadram como título de Renda Fixa;
- Cota Subordinada: estão subordinadas ao resgate ou amortização da cota sênior. O dono dessa cota receberá os rendimentos apenas depois que os cotistas sênior receberem a deles.
As cotas seniores, por exemplo, têm retornos menores, mas têm preferência no pagamento na hipótese de inadimplência dos direitos creditórios da carteira do FIDC.
Em contraste, cotas subordinadas recebem uma remuneração maior, proporcional ao risco.
Maiores riscos do FIDC:
- Risco de crédito
Como se trata de um título de direito creditório, existe a possibilidade de existir atraso no pagamento ou inadimplência por parte dos consumidores, levando a uma diminuição de ganhos. - Risco de liquidez
Pode não haver demanda suficiente por cotas, já que é um tipo de investimento restrito e não muito comum no mercado financeiro.
- Risco de mercado
O risco de mercado se trata das mudanças constantes nos preços e também na rentabilidade de ativos, podendo causar variação nos ganhos dependendo das circunstâncias.
Com isso concluímos que FIDCs são modalidades de investimentos seguros, principalmente se forem padronizados e tiverem uma política de pulverização de crédito, pois possuem uma excelente rentabilidade, são regulamentados pelo maior órgão que regula o mercado de capitais (CVM) e ainda são auditados por agências de rating.
Está procurando outros tipos de investimento? Então veja nosso artigo sobre as vantagens das debêntures.